Desigualdade racial persiste no mercado de trabalho brasileiro

 

Mulheres negras enfrentam taxas de desemprego mais que o dobro das de homens não negros, enquanto negros são maioria entre trabalhadores resgatados de condições análogas à escravidão.

 

Nesta quarta-feira (20/11), comemoraremos o Dia da Consciência Negra. Pela primeira vez, a data será celebrada como feriado nacional.  O Dia, que remete ao marco da morte do líder do Quilombo dos Palmares - um dos maiores lutadores contra a escravização negra no país, é um momento para refletir sobre o árduo caminho que ainda precisamos percorrer em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.

 

Permissão legal para a escravização de pessoas humanas acabou, mas a exclusão fruto do racismo ainda impacta a inserção da população negra no mercado de trabalho. O país amarga uma taxa de desemprego mais alta para a população negra, principalmente, para as mulheres negras. A exclusão do mercado de trabalho leva esses trabalhadores a exercerem atividades precarizadas e até em condições análogas à escravidão. Levantamento de dados do seguro-desemprego para pessoas resgatadas em condições análogas à escravidão, de 2002 a 2024, mostram que 66% dos trabalhadores que recebam o benefício são negros.

 

Já os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do 2º trimestre de 2024, do Ministério do Trabalho e Emprego, apontam que as mulheres negras são as mais prejudicadas no mercado de trabalho. Elas têm o dobro do desemprego dos homens não negros.  Segundo a RAIS, no 2º trimestre de 2024, havia 7,5 milhões de desocupados e a taxa de desemprego média é de 6,9%. Para os homens não negros, é de 4,6% e 10,1% para as mulheres negras.

 

“As mulheres negras estão concentradas nas ocupações na base da pirâmide, principalmente, em serviços domésticos, de limpeza, serviços de alimentação.  Elas ainda ocupam as vagas que pagam menos de remuneração salarial”, ressalta a subsecretária de Estatística e Estudos do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner.  A realidade dos negros, principalmente, das mulheres negras ainda é marcada por grandes desafios, como a igualdade de oportunidades no mundo do trabalho e o combate à discriminação.  “Eles ainda enfrentam a dura realidade de viver numa sociedade estruturalmente racista. A cor da pele continua limitando o acesso a postos de trabalho com uma remuneração melhor”, argumenta Paula.

 

Paula ressalta que as mulheres foram as que mais sofreram durante a pandemia do Covid-19. E o desemprego aumentou, principalmente, para as mulheres negras que ocupavam funções de empregadas domésticas.

 

O Relatório de Transparência salarial revela que as mulheres ganham 20,7% menos do que os homens nas mesmas funções, segundo dados da RAIS de 2023 de 50.692 empresas com 100 ou mais trabalhadores no país. Porém, quando se faz o recorte por raça, as mulheres negras recebem 50,2% da remuneração dos homens brancos.  O levantamento ainda mostrou que em 42,7% dos estabelecimentos as mulheres pretas ou pardas eram até 10% do contingente de trabalhadores.

 

Os dados da RAIS revelam um uma boa notícia, a escolaridade vem crescendo para a população brasileira e ainda mais fortemente entre a população com 15 anos e mais. Entre os 2º trimestres de 2019 e de 2024 diminuíram os números dos que tinham o nível médio incompleto e houve claro aumento dos que estão com nível médio completo ou superior incompleto (com números maiores para homens negros e mulheres negras). Destaque-se o aumento de todos os grupos com superior completo, em especial de mulheres não negras e para as negras.

 

Ainda sobre os dados do 2º trimestre, os ocupados eram 101,8 milhões de pessoas, 38,6% estavam na informalidade (assalariado sem registro, conta própria sem CNPJ, emprego doméstico sem carteira). Para homens negros a taxa é de 44,1%, 9,5% mais que entre homens não negros. Já para mulheres negras é 41%, 9,1% maior que para mulheres não negras.

 

A taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas ficou em 5,1 milhões de pessoas. Somados os subocupados e os desocupados havia 12,6 milhões de pessoas nesta condição, gerando uma taxa composta de 11,6%, no entanto, esta era de 7,5% para homens não negros e 16,7% para mulheres negras (mais que o dobro).

 

Fonte e leia matéria na integra: www.gov.br/trabalho-e-emprego

 

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